Isto é Ressureição!
Por Aloísio Parreiras
Escritor e membro do Movimento de Emaús
Há bem pouco tempo, todos nós estávamos no Gólgota e
mesmo que distante da Cruz do Senhor, ainda assustados,
nós pensávamos: Como são poderosas as forças contrárias
ao Reino de Deus! Estávamos perdidos e desorientados;
sem vislumbrar uma única possibilidade de futuro, mas
buscando um consolo que nos ajudasse a superar os nossos
medos e a nossa falta de esperança, nós começamos a
caminhar sem rumo e sem proferir uma simples palavra.
Nessas andanças, mesmo que cabisbaixos, nos deparamos
com Maria Madalena e as santas mulheres que nos convidaram
a ir ao Sepulcro, onde havia sido sepultado o Corpo de nosso
Redentor. Ainda que desmotivados, nós resolvemos
acompanhá-las, e enorme foi a nossa surpresa quando,
em meio à noite, o dia do Senhor amanheceu diante de
nossos olhos e nos fez perceber que a obra salvadora de
Deus tinha se realizado por meio do Sacrifício reparador
de Jesus Cristo, para que todos creiam n’Ele. Naquele
momento, nós sentimos em nosso íntimo a plena certeza
de que, a partir daquele Domingo, uma nova luz de
esperança brilhou para a humanidade.
Ainda que estivéssemos com os nossos olhos ofuscados
pelo intenso brilho daquela luz, nós percebemos que dois
Anjos haviam rolado a pedra que fechava o túmulo para
longe de sua entrada. Repentinamente, sentimos que estávamos
sendo conduzidos a percorrer um caminho de transformação
pessoal que nos conduziu da morte até a ressurreição, das trevas
para a luz e do medo para a esperança. Como alguns de nós
estavam hesitando diante daquilo que estava bem nítido,
diante de nossos olhos, os Anjos nos interrogaram: “Por que
procurais entre os mortos Aquele que está vivo?” (Lc 24,5).
Com entusiasmo, nós finalmente percebemos que o sepulcro
não pôde conter o Senhor da vida. Sim, Ele ressuscitou
como havia anunciado aos Apóstolos e aos discípulos. Ele venceu
a morte, ressuscitando gloriosamente! Ele não está preso ao
passado, pois Ele é uma Pessoa do presente, do hoje e do agora!
Ele é o Onipresente! Há pouco, Ele era o Crucificado;
neste instante, Ele é o Ressuscitado. Como testemunhas
credíveis da Ressurreição, nós começamos a professar que
“o Senhor ressuscitado já não morre mais. Ele vive na Igreja
e a guia firmemente ao cumprimento do seu eterno desígnio
de salvação”. (Mensagem de Páscoa do Papa Bento XVI, em
08 de abril de 2007).
Por alguns momentos, ficamos sem reação; estávamos
parados, calados, surpresos, estupefatos e muito felizes.
Com júbilo, nós ouvimos a orientação dos Anjos que nos
disseram: “Ide já contar aos discípulos que Ele ressuscitou
dos mortos”. (Mt 28, 7). Sem perder tempo, nós e tantos
outros discípulos corremos, anunciando Sua presença em nosso meio.
À medida que anunciávamos o Seu triunfo sobre a morte, uma paz nos
invadia por inteiro e essa mesma paz que somente Ele é
capaz de nos dar permanece continuamente conosco. Esta
feliz notícia começou a ser proclamada naquele Domingo e
há mais de vinte séculos é bradada, ininterruptamente,
aquecendo os corações de todos os povos. Todas
as gerações cristãs que nos precederam anunciaram essa
feliz notícia, essa Boa Nova, com empenho, coragem e
fortaleza. Por desígnio do Ressuscitado, nestes nossos
dias, nós somos os arautos que devem brandir os
sinais de Sua ressurreição, anunciando: Irmãos, se vocês
tiverem fé e alimentarem a esperança, vocês irão vê-Lo.
Se vocês O procurarem com um coração puro, contrito
e humilde, vocês hão de encontrá-Lo nos sacramentos
da Eucaristia e da Reconciliação. Se vocês servirem com
generosidade ao próximo sem esperar nenhuma recompensa,
vocês estarão junto a Ele. Se vocês lutarem com afinco
contra a morte, o pecado, a soberba e o desamor,
vocês estarão unidos a Ele, proclamando que, onde há
amor, santidade, mansidão, pureza de coração e desapego,
ali se fazem presentes os fecundos sinais da Sua Ressurreição
e assim é porque “se alguém está em Cristo é uma nova criatura”. (2 Cor 5,17).
Diácono Valney