Epifania do Senhor

05/01/2014 23:02


 

Originariamente, a festa do Natal era celebrada, no Ocidente, a 25 e dezembro, e no Oriente, a 6 de janeiro. Como por osmose, o Ocidente e o Oriente absorveram as duas festas em fins do século IV. Devido a sua origem e conteúdo teológico, ambas celebram o Natal, mas com acentos diferentes. A história da Epifania é, de fato, complicada e suas raízes próprias permanecem obscuras até os nossos dias. Como indica o nome grego “Epifania” (Manifestação) ou “Teofania” (Manifestação de Deus), a festa provém do Oriente e foi introduzida no Ocidente no século IV. O título da festa – “Epifania” – significa também que o dia 6 de janeiro já era algo mais que a popular “festa dos Reis”. A Epifania é a revelação de Jesus Cristo, Filho de Deus, para o mundo inteiro. Na Grécia e na Rússia, os cristãos chamam esse dia: “Solenidade da santa Teofania de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Seguramente, como ocorre no Natal, a data da Epifania remonta também ao culto pagão, ou seja, está relacionada com a festa do solstício de inverno que, no Egito, provavelmente ocorria entre 5 e 6 de janeiro. No dia 25 de dezembro ou no dia 6 de janeiro celebrava-se o aniversário de nascimento do deus-sol invencível, transformado pelos cristãos no aniversário natalício de Jesus Cristo, “verdadeira luz do mundo” (cf. Jo, 8, 12; 1, 9). Através de uma fonte antiga, sabe-se que a seita gnóstica dos basilianos, em Alexandria, no começo do século III, celebrava no dia 6 de janeiro a festa do Batismo de Cristo, mediante o qual, pela descida do Espírito Santo, aconteciam a geração e o nascimento do Filho de Deus. O Batismo de Cristo deveria, em seguida, se tornar a temática própria da festa da Epifania, no Ocidente. De acordo com outras informações, no dia 6 de janeiro, os egípcios iam ao rio buscar água. Talvez esteja aqui um dos fundamentos da bênção da água na Epifania. Do Egito, a festa de 6 de janeiro parece ter-se também estendido tanto para o Ocidente quanto para o Oriente, na segunda metade do século IV. Nas Igrejas do Ocidente, a festa da Epifania foi estabelecida primeiramente na Gália, na Espanha, no norte da Itália e em Ravena, embora os seus temas tenham sido ampliados.

Na Epifania, além da Encarnação e do Batismo de Cristo, meditava-se ainda na Adoração dos Magos, nas Bodas de Caná e na Multiplicação dos pães. O conteúdo desta festa é, por exemplo, condensado no magnífico hino da Epifania, de autoria de Santo AMBRÓSIO DE MILÃO († 397): “Illuminans Altissimus”, adotado por nossos Pais de Cister em sua liturgia (cf. Breviário dito “de Santo Estêvão”, do ano 1132). Em Roma, as Homilias do Papa São LEÃO MAGNO († 416) constituem o testemunho mais seguro da celebração da festa da Epifania.



Fonte: Carta Circular do Secretariado para a Liturgia da Ordem Cisterciense para os Mosteiros da Ordem.

 

Diácono Valney

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