A Via Sacra: O que é? Como teve origem?

 

        Via crucis é uma expressão em latim que significa: “o caminho da cruz”. O exercício da Via Sacra consiste em que os fiéis revivam a paixão do seu Senhor.

        No séc. IV, peregrinos à Terra Santa visitavam, em Jerusalém, os santos lugares onde aconteceram a Paixão e Morte de Jesus. Essas meditações se espalharam pelo mundo na época das Cruzadas (séculos XI/XIII). Os fiéis que então percorriam, na Terra Santa, os lugares sagrados da Paixão de Cristo, quiseram reproduzir no Ocidente a peregrinação feita ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém.

        Os franciscanos, na Via Dolorosa em Jerusalém, colocaram algumas capelinhas e marcas de pedra. Estas marcas já seguiam a ordem cronológica dos acontecimentos da paixão de Cristo, pois, os primeiros peregrinos faziam a ordem inversa, ou seja, iam do sepulcro para o pretório. A via-sacra começou a encontrar a forma como a conhecemos, hoje.

        Deve ser realçado o papel importante dos Franciscanos na difusão do exercício da Via Sacra. Durante o século XV, os filhos de São Francisco, guardiões oficiais dos lugares da palestina; entende-se, pois, que de modo especial se tenham dedicado à propagação da veneração à Via Dolorosa do Senhor; em suas igrejas e junto aos seus conventos, desde fins da Idade Média tomaram o hábito de erguer as estações da Via Sacra. Os Cristãos assim passavam por essa “Via Crucis” como se eles estivessem seguindo Jesus nas ruas de Jerusalém, parando em cada estação para invocá-Lo e rezar. Foram os franciscanos que começou a realizar a via sacra com quadros pintados para os que não podiam ir para a Terra Santa e obtiveram dos Papas a concessão das numerosas indulgências anexas a tal exercício de piedade.

        O número de estações ou etapas dessa caminhada foi sendo definido paulatinamente, chegando à forma atual, de quatorze estações, no século XVI. Passando a quinze com o acréscimo da décima quinta estação: Jesus ressuscitado.

        O exercício da Via Sacra tem sido muito recomendado pelos Sumos Pontífices, pois ocasiona frutuosa meditação da Paixão do Senhor.

a peregrinação aos lugares santos da palestina é um ideal para todo cristão, ideal, porém, que nem todos conseguem realizar, a Igreja consentiu em que os fiéis pratiquem uma peregrinação em espírito, enriquecida de graças semelhantes às que estão anexas a uma verdadeira peregrinação. É o que se dá justamente no exercício da Via Sacra. Tem sido costume acrescentar às quatorze estações uma décima Quinta, destinada a contemplar a ressurreição de Cristo, visto que paixão, Morte e Ressurreição constituem um só Mistério de Páscoa.

        Atualmente, a Igreja concede indulgência plenária a quem pratique o exercício da Via Sacra. Para que este possa ser efetuado, requer-se uma série de quatorze cruzes (com alguma imagem ou inscrição, se possível) devidamente bentas. O cristão deve percorrer essas cruzes meditando a Paixão e a Morte do Senhor (não é necessário que siga as cenas das quatorze clássicas estações; pode servir-se de algum livro de meditação). Caso o exercício da Via Sacra se faça na igreja, com grande afluência de fiéis, de modo a impossibilitar a locomoção de todos, basta que o dirigente do sagrado exercício se locomova de estação em estação. Quem não possa realizar a Via Sacra nas condições acima, lucra indulgência plenária lendo e meditando a Paixão do Senhor pelo espaço de meia-hora ao menos.


A Via Sacra do Papa João Paulo II

        Na Sexta-feira Santa de 1991 e 1992 o Santo Padre João Paulo II, ao realizar o exercício da Via Sacra no Coliseu de Roma, quis alterar o conteúdo das tradicionais estações, substituindo as cenas não incluídas no Evangelho por outras, tiradas do texto sagrado. Eis a sequência então adotada:

1. Jesus no Horto das Oliveiras

2. Jesus, traído por Judas, é aprisionado

3. A condenação de Jesus

4. A negação de Pedro

5. Jesus diante de Pilatos

6. A flagelação e a coroação de espinhos

7. Jesus carrega a Cruz

8. Jesus e o Cirineu

9. O encontro com as mulheres de Jerusalém

10. A crucificação

11. Jesus e o Bom Ladrão

12. Maria e João ao pé da Cruz

13. A morte de Jesus

14. Jesus deposto no sepulcro

        Esta nova ordem é certamente bela e apta a inspirar a meditação dos fiéis. Não consta que tenha sido promulgada pela autoridade da Igreja para o roteiro da Via Sacra realizada fora de Roma. Como quer que seja, fica a critério de cada fiel ou cada grupo de fiéis assumir a nova seqüência no exercício da sua devoção, pois, como dito, o que importa na Via Sacra é meditar a Paixão do Senhor Jesus.